Maioria dos parlamentares deve aprovar prisĂ£o em segunda instĂ¢ncia

Publicado em: 25/11/2019 Ă s 12:58 | Atualizado em: 25/11/2019 Ă s 12:58
Em discussĂ£o no Congresso, a retomada da possibilidade de prisĂ£o apĂ³s condenaĂ§Ă£o em segunda instĂ¢ncia tem apoio da maioria dos parlamentares.
Placar do jornal O Estado de SĂ£o Paulo aponta 51 senadores e 290 deputados favorĂ¡veis Ă tese – 341, de um total de 594 representantes.
No Senado, jĂ¡ hĂ¡ aval declarado para a aprovaĂ§Ă£o de uma proposta de emenda Ă ConstituiĂ§Ă£o, enquanto que na CĂ¢mara dos Deputados faltariam apenas 18 votos para alcançar o mĂnimo exigido, sempre em dois turnos.
O total de parlamentares que nĂ£o quiseram responder indica que uma PEC sobre o tema tem chances de receber o aval do Congresso. SĂ£o 119 deputados e 21 senadores nesse grupo. Outros 56 se declaram publicamente contra em ambas as casas.
Em debate no Legislativo desde fevereiro, quando o ministro da Justiça e Segurança PĂºblica, SĂ©rgio Moro, apresentou seu pacote anticrime, a proposta de estabelecer em lei a prisĂ£o apĂ³s condenaĂ§Ă£o em segunda instĂ¢ncia ganhou relevĂ¢ncia apĂ³s o Supremo Tribunal Federal (STF) vetar essa possibilidade antes do trĂ¢nsito em julgado (quando esgotados todos os recursos).
No dia 7, em um julgamento apertado, a corte mudou o entendimento em vigor desde 2016 e abriu caminho para a libertaĂ§Ă£o, entre outros, de presos condenados por corrupĂ§Ă£o, como o ex-presidente da RepĂºblica Lula da Silva (PT).
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Apoio Ă Lava Jato
Como reaĂ§Ă£o, congressistas entusiastas da operaĂ§Ă£o Lava Jato passaram a pressionar os presidentes da CĂ¢mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para pautar propostas que estabeleçam uma regra definitiva sobre o tema.
Mais avançada, a ComissĂ£o de ConstituiĂ§Ă£o e Justiça (CCJ) da CĂ¢mara aprovou uma PEC, na semana passada, nesse sentido. De autoria do deputado Alex Manente (Cidadania-SP), a proposta altera os artigos 102 e 105 para reduzir a possibilidade de recursos.
O texto foi o segundo proposto por Manente. O primeiro, que mexia no artigo 5.º da ConstituiĂ§Ă£o – o que trata sobre a “presunĂ§Ă£o de inocĂªncia”, considerada por parte da classe jurĂdica como clĂ¡usula pĂ©trea -, foi descartado pelo risco de nova judicializaĂ§Ă£o.
“Essa PEC Ă© mais palatĂ¡vel aos deputados. PrevĂª que o trĂ¢nsito em julgado se dĂª jĂ¡ na segunda instĂ¢ncia. Dessa forma, as cortes superiores, como o Superior Tribunal de Justiça e STF, sĂ³ poderiam analisar ações revisionais e nĂ£o mais recursos especiais”, disse Manente.
O placar na comissĂ£o foi folgado: 50 a favor e 12 contra.
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Opiniões
A avaliaĂ§Ă£o, no entanto, de que a alternativa nĂ£o fere a ConstituiĂ§Ă£o nĂ£o Ă© consenso. Para o lĂder do PCdoB, Daniel Almeida (BA), a nova PEC de Manente Ă© um “atalho”. “EstĂ£o querendo discutir atalhos perigosos. Isso Ă© clĂ¡usula pĂ©trea”, afirmou Almeida.
O partido Ă© um dos autores da aĂ§Ă£o que levou o Supremo a mudar de posiĂ§Ă£o. AlĂ©m do PCdoB, as bancadas do PT e do Psol tambĂ©m sĂ£o majoritariamente contrĂ¡rias.
LĂder do PT na CĂ¢mara, Paulo Pimenta (RS) disse que todos no partido votariam de forma contrĂ¡ria, mesmo que parte nĂ£o tenha respondido ao EstadĂ£o.
Do outro lado, alguns partidos favorĂ¡veis Ă tese da possibilidade de prisĂ£o apĂ³s condenaĂ§Ă£o em segunda instĂ¢ncia fecharam questĂ£o. É o caso do Novo, do Patriota e do PV, cuja lĂder, deputada Leandre (PR), se disse preocupada apenas com a escolha do “ordenamento jurĂdico” adequado.
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Foto: AgĂªncia Brasil